terça-feira, 21 de abril de 2009

O troco

Nunca sofri muito com apelidos. Exceto na época em que jogava futebol no meio dos meninos e me saía bem. Essa época foi difícil. Já deve imaginar o que uma dupla de meninas mal-intencionadas (invejosas?) andou espalhando pela classe ao me ver brincando na boa com os colegas no recreio - a gente nem chamava de intervalo ainda. Só que eu tenho satisfação por ter dito o que achava de uma delas no meio de uma aula, na frente do professor de Ciências:

- Ué, você não fica falando que eu pareço menino?
- É porque você parece mesmo!
- E você parece biscate.

Lembro que quando disse isso, meu sangue ferveu, fiquei vermelha. O professor chamou meu nome e pensei: "Pronto, vou para a diretoria pela segunda vez na minha vida!". Mas não, ele só estava corrigindo um exercício e pediu a resposta correta. Foi um momento emocionante, porque alguns colegas me olharam com espanto e a menina calou a boca. A amiga tentou animá-la, dizendo "não parece, não", no entanto era inegável. Fulana usava shortinho e andava com peito e bunda empinados. Só porque eu me dava bem no futebol, tinha muitos amigos garotos e não suportava tipos como ela queria dizer que parecia menino? Que ótimo! Tive (e tenho) grandes amigos do sexo masculino e todos sempre me respeitaram muito. Jamais ouvi piadas sexistas envolvendo qualquer parte do meu corpo, inclusive o nariz.
No dia seguinte, a outra classe da mesma série já sabia da minha resposta. Algumas colegas vieram me parabenizar, e fiquei espantada, pois nem mesmo toquei no assunto com qualquer pessoa. Falaram que era aquilo que a Fulana merecia ouvir e que assim ela aprenderia e pararia de me encher. De certa forma, deu certo. O máximo que eu ouvi depois disso foi  "essa mulher é tão ridícula quanto a Garota". Explico: folheavam alguma revista adolescente e tinha uma foto do Brad Pitt com a então namorada, Gwyneth Paltrow. Senti-me lisonjeada por ser comparada a alguém tão ridícula quanto aquela atriz.

6 comentários:

Nathália disse...

Poxa, queria ter sido corajosa assim muitas vezes na vida, principalmente na pré adolescência...

Patrícia disse...

Uau! É, eu gostaria de ter sua coragem...

Alexandre disse...

Confissões de Garota Know-How. Eu tb andei fazendo das minhas no meu blog.

Rodrigo disse...

E pensar que se fosse meninos iam marcar na saída do colégio um fight armado e sem graça...

Sunflower disse...

AAAAAAAAAAAAAAAAAAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!

Sunflower disse...

Horas depois e ainda estou rindo dessa história.

Vai ser impossível ouvir a palavra biscate e não lembrar do seu momento sincerão.