domingo, 24 de abril de 2011

Saudades do Ron Weasley

Estava dando uma olhada nos trending topics do Twitter e vi "Ron Weasley" ali. Imediatamente lembrei do segundo blog que criei na vida: Ron Weasley. Foi o primeiro temático que fiz e trazia muitas fotos do Rupert Grint, a maioria dele caracterizado como o meu personagem preferido da série literária de J.K. Rowling. Também publicava desenhos dele que encontrava na web, notícias e fotos sobre os filmes e livros... Costumava atualizá-lo bastante.
Aliás, eu utilizava o servidor de blogs do iG, chamado de Blig. Era até fácil de usar, pelo menos em 2002/2003, e foi aí que eu aprendi algumas manhas de HTML. O Ron Weasley foi atualizado durante uns seis meses, até eu não conseguir mais conciliar o blog com a vida em uma faculdade em período integral. E eu não queria ter algo para ser atualizado uma vez por semana, então acabei me despendindo dos visitantes, que encheram meu último post de comentários que me emocionaram. Eu tinha mais de 18 anos e me sentia uma tia, pois a maioria dos visitantes eram mais novos do que eu e eles sempre comentavam e elogiavam.
Graças ao Google, achei dois textos fazendo menção ao saudoso Ron Weasley:

"(...) Então as atualizações passaram a ser raras. De vez enquando alguém vinha...lembrava q o blig existia, postava...e os comentários eram cada vez mais raros tbm...o Ron Weasley acabou... nossa desfalcou bastante o grupo de bligs de Harry Potter...poxa...eu gostava tanto da Lulu..." (Draco Malfoy)

Sempre visitava outros "bligs" de Harry Potter e comentava. Lembro de ter sido convidada a colaborar com outro "blig" dedicado ao universo do bruxo. Encontrei este texto:

"Mas hoje, nesse que será o penúltimo post, quero agradecer a 3 mulheres que fizeram parte de BLOG... em 1º a Nessinha que foi quem me apresentou o blig, e me fez largar aquela vida chata de Chat, Chat e Chat... em 2º a Luciana (LuLu da Trânsilvânia), que além de ter feito a primeira mudança em nosso LAYOUT, foi quem nos deu um exemplo de, não sei que palavra ao certo usar, mas acho que um exemplo de como um editor deve se portar quando seu blog está acabando... ela que deixou o Ron Weasley, lá, dizendo que um dia se possível fosse, iria voltar e postar... foram as palavras mais doces que uma blogueira poderia usar para avisar que seus BLOG chegara ao fim... e dizendo tbm que não o excluiria porque seria muito difícil fazer isso com algo q ela amava tanto, e que tbm alí continha bastante coisa que poderia ser usada para pesquisa... e em 3º a Patty Padfoot que foi quem me convenceu à tbm não excluir esse blog, pois hoje, ele está assim, mais até 6 meses atrás ele era um dos 3 melhores blogs sobre Harry Potter... e que também tem bastante coisa em nossos arquivos para serem utilizados..." (Harry Mania)

Eu tinha um blog pessoal no qual assinava como Lulu da Travismânia (e não Transilvânia como o autor escreveu). Infelizmente, apesar de eu não querer apagar o Ron Weasley, ele foi deletado pelo pessoal do Blig porque não tomei o devido cuidado de salvá-lo e estava tomando o espaço do servidor deles.

Bons tempos e bons colegas cibernéticos eu tive...

sábado, 23 de abril de 2011

Dez notas cinematográficas

Turnê
- Um filme recheado de shows burlescos com mulheres que não estão no auge da beleza nem da idade.
- Por mais cara de cafajeste que ele tenha, Mathieu Amalric (diretor, corroteirista – é horrível, mas escreve assim! - e protagonista) não consegue esconder o charme fabriqué en France nem com um bigode canalha e um terno brega.
- Sem glamour, divertido e tocante. Sorte que não se passa num Moulin Rouge da vida!


Bonecas russas
- Continuação à altura de Albergue Espanhol.
- Romain Duris é um ótimo ator, para não dizer encantador.
- Apesar de o roteiro ter forçado um tanto no principal romance de Xavier, acertou em cheio na reviravolta de William – o mais retardado de Albergue Espanhol, como um personagem frisa de maneira perfeita nesse filme.


Dois irmãos
- Se o cinema argentino já merece todo o meu respeito, os filmes de Daniel Burman entram no rol do “tomara que estreie logo no Brasil”.
- A relação entre os irmãos cinquentões Marcos e Susana nos faz pensar em como convivemos com esses entes que demandam muita paciência e respeito para que se viva em harmonia.
- Adoraria saber como seria um remake brasileiro desse filme.


Xuxu
- Ah, filmes com o Gad Elmaleh costumam despertar uma certa curiosidade.
- A película acerta em cheio ao optar por não explorar o viés do preconceito contra gays.
- É uma comédia onde tudo pode acontecer. Assista e deixe-se envolver por um enredo agradável com alguns personagens bizarros e outros muito carismáticos.


Abraços Partidos
- Não sou entusiasta nem do contra em relação a Pedro Almodóvar, mas esse é um dos filmes mais dispensáveis que já vi na vida.
- Tudo empalidece nessa tentativa de surpreender e emocionar o espectador.
- Se esse filme serviu para alguma coisa, foi para mostrar que a Penélope Cruz não é um mulher tão bonita nem uma atriz tão boa assim. Ou seja: vai contra o excelente Volver.


Os implacáveis
- Filmes com o Steve McQueen sempre merecem uma conferida: não costumam ser tempo perdido.
- Para quem gosta de filmes policiais, cenas de perseguição e de tiroteio, atuações blasé e aquele brega-chique dos anos 1970.
- Ganhou uma refilmagem – que, por enquanto, não me atrevo a assistir – em 1994, com Kim Basinger e Alec Baldwin.


O Falso Traidor
- Um ótimo filme de espionagem situado durante a Segunda Guerra Mundial que, sabe-se lá o porquê, caiu no esquecimento.
- Apesar de estadunidense, foi filmado em locação na Alemanha, Suécia e Dinamarca.
- Como não tomar partido em um contexto marcado pela ascensão do nazismo? Questões políticas e econômicas permeiam os interesses do protagonista, um espião por obrigação,


Tá chovendo hamburguer
- Ótima animação gráfica para ver, rir e gostar. E não é da Pixar.
- Impossível não se maravilhar com a tempestade de sorvete. Sim, eu disse SORVETE!
- Ótimos trabalhos de dublagem de Bill Hader, James Caan e Mr. T. Até a sonsa da Anna Faris demonstra ser ótima nesse quesito.


Disque M para matar
- Apesar de ser o menos autoral dos filmes de Hitchcock que vi, tem um roteiro acima da média, com diálogos realmente bons.
- O personagem de Ray Milland é tão brilhante que quase torci por ele no final.
- A cena do assassinato é quase risível. Talvez Hitchcock estivesse com preguiça de fazê-la ao seu modo.


Feios, sujos e malvados
- Comédia italiana esquisita do diretor Ettore  Scola.
- Tem vários bons momentos, mas achei a mais pura caricatura de uma família pobre italiana.
- É como se fosse uma pornochanchada suave, mas com mulheres bem menos bonitas.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

O último/ A última...

... filme visto no cinema: Turnê
... filme visto em DVD: Disque M para matar
... DVD comprado: Quanto mais quente melhor
... episódio de série visto: The Set Up (S02E13), de Parks and Recreation
... exposição visitada: Andreas Feininger - Nova York Anos 40, no Museu Lasar Segall
... livro na lista de desejos: Audrey Hepburn, de Barry Paris
... música ouvida: Chick habit (Laisse tomber les filles) - April March 
... acessório obrigatório adquirido: uma HD externa
... aventura culinária na cozinha: abobrinha recheada e gratinada
... cerveja degustada: Leffe

terça-feira, 19 de abril de 2011

Comédia 089 - Escola do Riso

Ficha técnica
Título original: Warau no daigaku. Ano: 2004. País: Japão. Direção: Mamoru Hosi. Com Kôji Yakusho e Goro Inagak. 121 min - Colorido.



O filme
Baseado em uma peça teatral, Escola do Riso mantém a estrutura da sua fonte. Há poucos cenários e um bom trabalho de edição, que não se "intromete" na história, mas deixa o enredo com mais cara de cinema. Japão, anos 1940. O país já se aliou à Itália e à Alemanha na guerra e utiliza a censura como forma de calar as críticas. Um censor responsável pela análise de peças de teatro acaba se tornando o maior obstáculo da carreira de um jovem autor de comédias. Ao mandar o rapaz reescrever e cortar trechos, o censor (que não costuma achar graça em nada) passa à posição de coautor e se empolga cada vez mais com a peça.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Comédia 088 - Bancando o águia

Ficha técnica
Título original: Sherlock Jr. Ano: 1924. País: Estados Unidos. Direção: Buster Keaton. Com Buster Keaton, Jatryn McGuire, Joe Keaton, Erwin Connelly, Ward Crane. 45 min - Preto e branco.



O filme
Um dos primeiros filmes a brincar com a metalinguagem, Sherlock Jr. (o título em português é muito pré-histórico) se tornou uma das fontes de inspiração para A Rosa Púrpura do Cairo, de Woody Allen. Nesta comédia de Buster Keaton, um jovem projecionista é acusado injustamente de roubo - e a vítima é justamente o pai da moça pela qual está apaixonado. Aficionado por Sherlock Holmes, ele acaba sonhando que atravessa a tela do cinema e vira o protagonista de uma história detetivesca cheia de ação. 

domingo, 17 de abril de 2011

Gulodices geladas

Picolé de baunilha Kapiti
Ovelhas, esportes radicais, filmes d'O Senhor dos Anéis... esses são alguns itens famosos da Nova Zelândia. Na área gastronômica, o sorvete é um show à parte. A marca Kapiti investe em ótima publicidade, sem descuidar do produto. O picolé de baunilha, por exemplo, parece simples, mas é uma delícia gelada que você lamenta quando termina de saborear.

Sorvete de hokey pokey
Famoso na Austrália e na Nova Zelândia, o sabor de sorvete hokey pokey conquista todo mundo que prova. Consiste em um cremoso sorvete de baunilha com bolinhas crocantes de toffee sabor caramelo. Deixar o sorvete derreter na boca e depois mastigar as bolinhas parece passatempo de criança – elas grudam nos dentes e o sabor fica por ainda mais tempo.



Picolés Diletto
Aparência e sabor de picolés caseiros, extremamente cremosos e disponíveis nas versões sorvete e sorbet. Virei fã da marca brasileira Diletto, fundada pelo italiano Vittorio Scabin, após saborear as versões framboesa, gianduia e pistache. É de lamber o palito.

Sorvetes Häagen-Dazs
Quem já experimentou os irresistíveis sorvetes da grife Häagen-Dazs sabe que o preço compensa. Calóricos e deliciosos, são encontrados em sabores tradicionais e menos comuns, resultando naquilo que chamam de sorvete gourmet. Seja qual for a estação, sempre dá vontade de tomar um.


Magnum Sete Pecados Capitais
Há cerca de oito anos, a Kibon lançou uma série limitada dos picolés Magnum chamada Sete Pecados Capitais. O Magnum sempre foi um dos meus picolés preferidos, pois inova na mesmice das marcas industrializadas, mas os pecaminosos sorvetes da série superaram até as minhas expectativas. Pena que acabou...

Milkshake de pistache The Fifties
O campeão milkshake de creme de avelã é pedido obrigatório na rede de hamburgueria The Fifties. Até que o cardápio de verão trouxe um prazer com culpa maior ainda: o sabor pistache. Cremosíssimo, ele é puro sorvete batido com pedaços inteiros de pistache. Um verdadeiro paraíso para os “pistacheiros”.




Mais dicas geladas para eu saborear? Comente aí, pois sorvete não é uma sobremesa de verão: vai bem em qualquer época do ano.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Pente amarelo

Amarrou os cadarços do sapato marrom desbotado, certificando-se da simetria perfeita ao comparar o lado esquerdo com o direito. Sorriu e se levantou do sofá, caminhando em direção ao banheiro, de onde tirou um pente amarelo do armário. Era bastante usado, um objeto fiel desde os tempos de trabalho na fábrica, quando o guardava no bolso do casaco, em dias frios, e no bolso da calça, quando a alta temperatura o obrigava a dispensar a blusa. Na calça, era possível perceber o pente, com suas linhas retas e os dentes grossos. Tinha mania de tirá-lo, seja de qual bolso fosse, na tentativa de ajeitar os cabelos, negros durante a juventude, mas já com alguns discretos fios grisalhos despontando.
Olhou para o pente durante alguns segundos. Há meses não lembrava do significado do acessório para sua vida, mais ainda do que para a vaidade. Afinal, ao tirá-lo do bolso, interrompia brevemente alguma tarefa, ou mesmo conversa, só para sentir a materialidade daquele amor e perpassá-lo entre os fios lisos, tal qual os dedos da mulher numa carinhosa e inocente carícia. O pente amarelo havia sido um presente de décadas atrás. Considerava muito mais do que uma lembrança: era uma materialização.
Lembrou-se de um certo sorriso, dos dentes grandes e brancos dos quais a dona tinha vergonha, tentando disfarçá-los toda vez que precisava expressar alguma emoção agradável. Ele achava essa timidez uma bobagem: se tanta moça fazia questão de ressaltar ainda mais certas partes anatômicas grandes, por que querer esconder os dentes? Brincava com ela, dizendo que deveria usar batom vermelho para mostrar o quanto eles eram brancos e bonitos. Ela ria. Só usava essa cor nos lábios quando saíam a sós, para um baile ou alguma festa na cidade.
Ela, que tinha cabelos crespos, adorava bagunçar o cabelo dele. De vez em quando, ele deitava a cabeça no colo dela e ela alisava os fios negros com as pontas dos dedos, como um pente. Numa dessas festas nas quais usava o contrastante batom vermelho, brincou na barraquinha de pescaria e ganhou um pente amarelo. Não era bonito, mas deu de presente ao noivo. Desde então, o pente virou símbolo de vaidade para os colegas de trabalho e de amor para ele.
A esposa falecera após mais de quatro décadas de casamento. Os cabelos ralos e brancos do viúvo não tinham mais os dedos suaves de sua senhora para afagá-los, mas ao menos três vezes ao dia o pente amarelo estava ali, no armário do banheiro, para mostrar que a rotina perdida ainda tinha algo em comum com aquele passado de muito trabalho, festas, sorrisos e afagos. Era o pente amarelo que colocava ordem em tudo.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Crônicas Notas cinematográficas

Dois filmes essenciais vistos com alguns anos (décadas?) de atraso

A Lista de Schindler
Feriado de carnaval. Praias lotadas, capital paulistana quase vazia. A folia é para muitos, mas há anos faço parte da minoria. Aproveitei para colocar em dia minha lista imaginária de filmes essenciais a serem vistos: encarei as mais de três de A Lista de Schidler. E que filme agradável para ser assistido num feriado tão animado!
Eu tinha trauma desse filme. Explico: lá pelos meus 12 ou 13 anos de idade tentei assisti-lo na tevê, numa sessão noturna do SBT. É, dubladinho e tudo mais - na época eu não ligava para essa predileção por "áudio original". Eu já estava impressionada com o filme, mas bastou o Amon (o odiável personagem de Ralph Fiennes) matar a engenheira judia a sangue frio para eu decidir desligar a tevê e tentar dormir.
Finalmente tomei a iniciativa de ver o filme todo. Uma bela obra de Spielberg, mas um tanto meloso nos últimos 60 minutos - algo compreensível, devido ao tema e à proximidade do cineasta com ele. Mas do que eu realmente gostei foi do uso da bela fotografia em preto e branco e da capacidade do diretor em criar climax em cenas chave. 

Inferno nº 17
Billy Wilder era um gênio. Blá blá blá. Um de meus cineastas favoritos. Blá blá blá. William Holden é o meu ator preferido. Blá blá blá. Ele ganhou o único Oscar da carreira com esse filme. Blá blá blá.
Depois dessa introdução óbvia e editada, confesso: Inferno nº 17 é um grande filme, mas não é o melhor da carreira de Wilder nem de Holden. O primeirão, com toda certeza, é o extraordinário Crepúsculo dos Deuses. Mas voltando ao inferno: oficiais do exército americano são prisioneiros de guerra de nazistas e sempre procuram a oportunidade de fugir. Sim, Steve McQueen estrelou um filme com enredo semelhante dez anos depois (1963, portanto), mas aqui o protagonista não é um herói: J. J. Sefton é cínico, egoísta e aproveitador. E ainda por cima é considerado um traidor pelos companheiros.
Dito isso, é uma comédia de humor negro na qual, por mais que se antipatize com Sefton, o espectador ainda tem esperança de que ele não seja tão mau assim. 

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Da série...

...eu pegaria sim, e daí?


Bill Hader

domingo, 10 de abril de 2011

Aquela cena de dança daquele filme

Assisti a Férias de Amor (Picnic, 1955) ano passado, no auge da minha obsessão por clássicos "ingênuos" do cinema americano - romances, comédias e musicais. É claro que o fato de ter lido um belo texto do Ruy Castro sobre esse filme influenciou bastante a minha curiosidade em conferi-lo - além de ter o insuperável William Holden como protagonista. Um tumblr me fez lembrar da linda cena do baile, com Holden e a estonteante Kim Novak sendo completamente sexy sem um beijo sequer, só com os olhares e os corpos a dançar. A garota que aparece logo no começo da cena, interpretada por Susan Strasberg (sim, a filha de Lee, professor de arte dramática de Marlon Brando, Paul Newman e outros), é uma de minhas personagens cinematográficas preferidas. 
Ah, o video dá uma travadinha logo no começo, mas são apenas alguns segundos.

Tumblr memes unlimited

Três memes que fiz no meu Tumblr (todos foram feitos em 2010). Como pouca gente conhece, resolvi reunir os links aqui. É claro que tem MUITA coisa previsível neles (e perdoem o meu inglês não tão fluente quanto o meu português).

30 Day Old Hollywood Meme

30 Men I Love

30 Day Movie Challenge

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Embate técnico

Eu sou o tipo de pessoa que tem milhares de ideias nos momentos mais impróprios para registrá-las (certo, "milhares" é um exagero. Dezenas? Ahn, também não são tantas assim. Meia dúzia). Daí, quando me sobra um tempo e/ou tenho a oportunidade de escrever, elas somem, evaporam num estalar de dedos. E, apesar de meus picos criativos costumarem vir à noite, nela também tenho meus picos de preguiça e apatia.
Mas apática é a vida - ou o modo como eu a encaro. Às vezes me pego pensando, geralmente em pé no ônibus ou no metrô, sobre o porquê da existência. Vivo? Sobrevivo. É um longo diálogo mental que tenho há algum tempo. Os momentos de liberdade e de descobertas são aproveitados ao máximo, mas quando esgotam, me deprimo. Ou melhor, "melancolizo".
Lembranças vêm e vão, como ondas. Tenho vontade de apagar algumas, pois sofro de "precipitação mal sucedida": fantasio certas coisas e, quando acordo, percebo que são demais para a minha realidade. E por menos que eu queira desprender os pés do chão, em algum momento do dia, ou da noite, eles se soltam levemente e fazem minha mente flutuar até que eu brigue comigo mesma. "Ah, que grande idiota você é! Acorde e enfrente seus dias, sua vida."
E ainda sofro de outro mal: levar um tempo para terminar o que comecei - isto é, se consigo terminar. Por exemplo, escrever textos de ficção, ainda que curtos. O final da grande maioria daqueles que termino não me satisfaz. Prefiro "deixar no ar", assim como é a nossa vida: o gran finale todos sabemos qual será. Só não sabemos como.
Não, eu não assisti Peixe Grande recentemente nem qualquer filme da safra boa de Woody Allen. Nem tudo na minha vida gira em torno de filmes, séries ou livros - as anestesias nossas de cada dia. É apenas mais um momento que parece se tornar mais suportável quando eu o decodifico em palavras. Já que tantas outras qualidades me faltam, melhor eu aproveitar uma das poucas que conseguem subtrair meu senso de modéstia. 

Atualizado: Ando tão mal da cabeça que publiquei o texto sem um título... Agora está OK.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Encontro amoroso sem pânico

"Bem, tivemos nosso primeiro encontro e eu nem sabia disso. Ou seja, fui aprovada. Sem incêndios, sem ambulâncias. Apenas o truque de aparecer bêbada de madrugada na casa do cara."
Leslie Knope (Amy Poehler), em Parks and Recreation - S02E04: The Practice Date


sábado, 2 de abril de 2011

Notas cinematográficas

Mais filmes em destaque num próximo post. 


Testemunha de acusação
- No cinema norte-americano, acho que só os irmãos Coen e Woody Allen chegam aos pés de Billy Wilder (lembre-se, a categoria é diretor-roteirista).
- Filme de tribunal excelente, com atuações marcantes e um final totalmente... assista.
- Putz, só de escrever fiquei com vontade de rever.


Rififi
- Filme policial francês da década de 1950.
- A sequência do roubo mostra que as piadinhas usadas em filmes anglo-americanos são mero artifício para o público respirar.
- Como na maioria dos filmes franceses, a tragédia tem lugar de honra reservado.


Um Corpo que Cai
- Só lamento pelos roteiros dos filmes do Hitchcock não serem tão bons quanto a direção e o elenco.
- Um dos filmes mais significativos a utilizar a cidade de San Francisco como personagem.
- Do diretor, ainda prefiro Janela Indiscreta, Psicose e Interlúdio.


Henrique V
- "Uau" para essa adaptação de Kenneth Branagh para a peça homônima de Shakespeare.
- Branagh tinha apenas 28 anos quando escreveu e dirigiu este filme.
- Um filme que faz o espectador mergulhar na história e até vibrar nos momentos de tensão e de guerra.


Um por todas e todas por um
- Um filme muito "guilty pleasure" para mim - e não é só por causa do Sam "eu pegaria sim, e daí?" Rockwell.
- A história é batida: time do colegial de basquete feminino é treinado por um sujeito perdedor e alcóolatra, mas supera as expectativas a cada jogo. A forma como isso é contado que realmente vale a pena.
- Como não fazer "awn" a cada tentativa das meninas em ajudar o técnico?


O pequeno italiano
- Filme russo sobre um garotinho que será adotado por um casal de italianos.
- Colocar criança sofrida como protagonista é demais pra mim: choro certo.
- Acho que nunca torci tanto para um filme ter final feliz.


O Amante
- Baseado no romance autobiográfico de Margueritte Duras.
- Um dos raros casos no qual gostei mais do filme do que do livro (não que a adaptação seja uma maravilha).
- A lente de Jean-Jacques Annaud faz praticamente um ménage a trois com os protagonistas.


À Prova de Morte
- A segunda metade é o que realmente vale o longa.
- A obsessão de Tarantino pelo tema vingança rendeu uma sequência absurda, mas de deixar qualquer feminista em êxtase.
- Lançado fora do Brasil junto com Planeta Terror, de Robert Rodriguez (em Grindhouse). É o melhor dos dois filmes.


Rango
- Tecnicamente maravilhoso, mas a história não conseguiu me cativar.
- Hans Zimmer preguiçoso plagia, em vários momentos, a própria trilha que compôs para Sherlock Holmes.
- Algumas boas referências culturais e cinematográficas. Outras, só para mostrar o pedantismo nos realizadores mesmo. 

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A amante d'O Amante

"Em outra ocasião, durante essa mesma viagem, durante a travessia do mesmo oceano, a noite já começada, soou no salão do convés principal uma valsa de Chopin que ela conhecia secreta e intimamente, porque tentara aprendê-la durante meses sem jamais conseguir tocar corretamente, nunca, o que levou a mãe a permitir que abandonasse o piano. Naquela noite, perdida entre as noites e as noites, disso tinha certeza, a jovem estava naquele navio e presente quando a coisa aconteceu, aquele som luminoso da música de Chopin sob o céu iluminado de cintilações. Não havia vento e a música espalhou-se por todo o navio escuro, como uma injunção do céu, vinda não se sabia de onde, como uma ordem de Deus de teor ignorado. E a jovem levantou-se como se fosse também se matar, jogar-se por sua vez ao mar, e depois ela chorou porque se lembrou daquele homem de Cholen e subitamente não tinha certeza de não tê-lo amado com um amor que não havia percebido porque se perdera na história como a água na areia e que só agora encontrava, no momento em que a música era lançada através do mar."

DURAS, Margueritte. O Amante. Trad. Aulyde Soares Rodrigues. São Paulo: Folha de S Paulo, 2003.