sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Como um câncer

Como um câncer, ele se instalou em minha carne. À distância, conseguiu me controlar e manipular insistentemente. Por trás do incômodo que me provocava, surgia a necessidade de uma simbiose, com trocas de segredos e confissões. Mas cada um com sua personalidade forte, desde o início discussões e brigas eram frequentes, fossem os motivos mais sérios ou simplesmente implicâncias.
Quando surgiu a oportunidade de um encontro, fui tomada pelo nervosismo e a insegurança que me são característicos. Temia presente e futuro, conhecendo o passado pouco fácil de que fizera parte em outras relações e mesmo nessa - afinal, já tínhamos dado início ao que foi chamado de "rolo".
Nenhum lado estava completamente certo: os dois erraram, mas também tiveram seus esforços e acertos. Com brigas, idas, reconciliações e voltas, houve inevitável desgaste. Cada um defendendo a si mesmo, poucas vezes foram feitas concessões. O ponto sem volta chegou e acometeu a relação - que eu me esforcei para entender como séria, porém nunca fui convencida de tal coisa. O câncer adormecido se remexeu. O consenso foi de que o fim seria a melhor solução.  
Entre ofensas, defesas, explosões e contra-ataques, ambos saíram magoados. No entanto, não consegui lidar com esse sentimento e nem com a ideia de uma amizade após tudo o que havia acontecido. Queria tirar o câncer de vez, afinal não havia sentido em fingir que nenhuma palavra havia me ferido. Não quis continuar e admiti.
Diante da impossibilidade de conseguir o que queria - que eu mantivesse a amizade e me tornasse alguém de prontidão para ajudá-lo -, ele simplesmente agiu como tantas outras vezes, porém com mais violência. Numa explosão irracional, desceu ao mais baixo nível desde então e proferiu as seguintes palavras:
- Vai tomar no seu #*, sua vagabunda.

Não precisou atingir-me com um soco para demonstrar o quão covarde e autoritário era. Fez da violência verbal a sua arma e justificou-se dizendo que a culpa era minha de ter chegado àquele ponto. Claro, porque é mais fácil culpar alguém por sua atitude do que enfrentar as consequências e conviver com o fato. Como se não bastasse, bloqueou-me para se sobressair como o "dono da razão" (característica que quaisquer cinco minutos de conversa conseguem detectar nele).  
O câncer formou uma ferida e sangrou, mas foi removido. Violentamente, sim. Dolorosamente, sim. E a cicatrização levará algum tempo, mas já começou a acontecer. E assim o câncer desapareceu e eu me recupero lentamente para seguir em frente e retomar minha paz de espírito.

Nota da autora: este texto foi baseado em um acontecimento recente e real. Não houve vencedor nem perdedor, certo nem errado, mas a violência verbal comprovou a fraqueza de um dos lados em aceitar a escolha do outro - e, consequentemente, várias impressões que já haviam se formado ao longo do tempo.

2 comentários:

Patty a.k.a. Delores Vickery disse...

Nunca deixe de procurar essa sua amiga super distante e sumida. É só chamar - e pode me dar bronca se eu sumir!

Não acredito ainda nessa agressão verbal. A verbal muitas vezes é bem pior.

Sei que o processo pra recuperação é lento - e muito, muito doloroso -, mas fico feliz que esteja se recuperando.

Tenho certeza de que está muito melhor assim, sem isto em sua vida.

E é horrível dizer isso neste post específico, mas você continua escrevendo divinamente bem como eu me lembrava!

Sinto sua falta!

*grite se precisar*

Anômima disse...

Ah Patty, você não é a única sumida >.<

Mas foi ótimo poder revê-la em julho, junto com a Jaques e a Fê.

Quando precisar, pode me chamar também. E, cá entre nós, não estamos tão distantes assim, é só arranjar um tempinho, né?

Beijo!