segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Comic Con Experience: sexta-feira

Bom, conforme escrevi no post anterior, sexta-feira foi o único dia que fui à CCXP. Foi também a primeira vez que acompanhei painéis - em 2014, quando fui voluntária, vi apenas uma parte do painel da Pixar.
Eu pretendia chegar à São Paulo Expo - onde aconteceu a CCXP - às 10h, que é o horário de abertura do evento. Porém, na comunidade do evento, algumas pessoas que já haviam ido na quinta-feira estavam recomendando chegar o mais cedo que pudesse, para evitar filas gigantes. Como eu moro muito perto do local - a pé dá 25 minutos -, e não dependeria das vans que saíam do metrô Jabaquara (elas só chegariam lá depois), saí o mais cedo que consegui e cheguei lá às 9h. Surpresa, já tinha uma filona e muita gente aguardando abrirem.
OK, já esperava algo assim. Só me restava torcer para conseguir entrar no primeiro painel e garantir meu lugar até o último (o auditório não é esvaziado entre os painéis, sai quem quer e, se quiser voltar, tem que enfrentar toda a fila de novo - ou seja, saiu perdeu).

Já estava com a mochila abastecida de salgadinhos, iogurte e suco, então beleza eu ficar com a bunda o dia inteiro sentada na poltrona do auditório. Cheguei, mais fila, mas consegui um lugar no auditório - não ótimo nem ruim, bem OK. Primeiro painel já tinha começado: John Rhys-Davies, ator britânico que esteve em Indiana Jones e trilogia O Senhor dos Anéis, como Gimli e Barbárvore. Achei ele sarcástico, com humor tipicamente britânico. Nem ele se leva a sério, o que é divertido. Ele saía do palco com microfone e levava para as pessoas que queriam fazer perguntas, o que incluiu um sujeito muito perto de mim, então o vi na minha frente.

Segundo painel foi da Universal, o pior do dia. O estúdio não tem nenhum grande filme a ser lançado - a não ser que você esteja doido para ver Warcraft, mas como abomino filmes baseados em games (se tiverem o Michael Fassbender, eu até encaro rs), achei blé demais. Gostei quando falaram de A Bruxa, mostraram 7 minutos do filme. Mas... painel fraco demais, ainda mais se considerarmos que a Universal é um dos grandes estúdios hollywoodianos.

Painel de Umbrella Academy, com Gerard Way (ex-vocalista de My Chemical Romance e, atualmente, autor de quadrinhos) e Gabriel Bá, um dos grandes artistas brasileiros da atualidade. Foi interessante, muito legal saber o processo de criação de uma graphic novel premiada. Fiquei com vontade de ler, já entrou para a minha lista.

O painel seguinte foi da Marvel Comics, tipo um "o que está por vir". Eu gostei que levaram uns artistas brasileiros muito gente fina, tinha um deles extremamente engraçado e espontâneo, anti-estrela e muito pé no chão. Foi meio que uma aula de como fazer um painel para gente que não entende nada do seu tema e, ainda assim, ser legal.

O da Fox foi surpreendente. Ao menos na parte que diz respeito ao longa de Snoopy, que contou com a presença do diretor do filme, Steve Martino, apresentado por Carlos Saldanha (google it). Adorei terem falado do processo de criação e adaptação das tirinhas de Charles Schulz. Passaram vários trechos, mostraram muita coisa legal. Ponto para Fox!
Depois falaram de Kung Fu Panda 3. Olha, nem curto muito esses filmes/animações que chegam à terceira parte, mas passaram um trechão e eu adorei. Se bem que curto o Po, é um dos meus personagens favoritos das animações. Ah, o Lucio Mauro Filho estava lá, porque ele dubla a versão em português - eu sempre vejo a original, com voz do Jack Black.
Depois foi a vez de Deadpool, mas sem novidades. Eu já sabia de tudo o que mostrou. Pelo menos deram um pôster do filme para quem estava no painel, só não sei o que fazer com ele haha.

A hora e a vez da lenda Frank Miller. Eu juro que queria ceder meu lugar a um fã de verdade do artista, porque a pessoa iria desfrutar bem mais do que eu - eu nem leio quadrinhos de heróis, só conheço as adaptações de histórias dele para o cinema e nem curto (acho 300 uma bosta e Sin City é um filme mega hypado). OK, foi legal, mas só para dizer um dia que "eu vi um painel do Frank Miller" rs.

Outro artista venerado que esteve lá, logo após o Miller, foi Jim Lee. Eu gostei mais do painel dele porque achei a abordagem diferente. Se bem que o Miller está com câncer, então está bastante debilitado, não dá para exigir muito de uma pessoa que está em recuperação. É que Miller também estava lá como a lenda, e Jim Lee foi tratado com respeito, mas menos venerado. Ele é simpático para caramba, divertido. Gostei quando ele falou do início de carreira, de como entrou para a Marvel e DC - e de como os pais dele não queriam que seguisse a profissão.

OMG, painel da Netflix! As novidades que estão pro vir para o "canal" e dois painéis dedicados exclusivamente às séries Jessica Jones e Sense8. Seriam 2 horas só sobre o conteúdo da empresa. Começaram com os trailers do spin off longa metragem de Marco Polo (série que não consegui passar do primeiro episódio, achei bem ruim) e de uma continuação (ou prequel) de O Tigre e o Dragão, passaram uma cena da segunda temporada aguardadíssima de Daredevil e... Jessica Jones.
Bem, David Tennant foi o motivo de eu ter ido à CCXP na sexta-feira e ficar o dia inteiro sentada vendo painéis. O lugar estava cheio de whovians, alguns sem noção - fanboys e fangirls que não conseguiam se conter. O David ficou impressionado com a quantidade de fãs que tem no Brasil, e frisou isso. A Krysten Ritter estava com ele, mas o David era o mais assediado, obviamente.
Só que eles estavam lá para divulgar Jessica Jones, e a Netflix deve ter ficado putinha porque tinha muitos whovians e ficou parecendo painel de Doctor Who. Segundo dizem, foi a própria Netflix que mandou ENCERRAR o painel depois de apenas 10 minutos. Sim, cortaram até a parte que o David ia responder a uma pergunta do público. O PIOR é que ninguém se retratou publicamente sobre o que aconteceu, ficaram meio que culpando os whovians. Mas o fato é que foi desorganização e falta de respeito por parte de todos os envolvidos - CCXP e Netflix. Afinal, culpar quem ajudou a lotar um auditório - e a vender ingressos encalhados para sexta-feira - é muito fácil, foda mesmo é assumir a culpa e se retratar com todos.
Depois de praticamente expulsarem o David e a Krysten, foi a vez do painel de Sense8. Mas, cá entre nós, o que me interessa uma série dos irmãos Chatowski que sequer vi um episódio? Eu quase me levantei e fui embora, como muitos que estavam lá, mas me segurei até o fim, puta com o descaso com o painel de Jessica Jones.

Saldo final: gostei de ter conferido os outros painéis, mas o desrespeito da Netflix é que foi épico. Saí de lá decepcionada e esgotada, mas ainda assim procurei a mesa do Esad Ribic para autografar meu exemplar de Loki, mas ele já tinha ido embora. Corri para a mesa do Gabriel Bá e Fábio Moon, com Dois Irmãos na minha mochila, e peguei mais fila para ter uma dedicatória eterna deles. Valeu muito a pena!
Depois fui às compras, mas estava meio cheia de andar e ver estandes, fui em algumas lojas e comprei três Asterix, com um ótimo preço, e arrisquei uma HQ que nunca tinha ouvido falar, O Incrível Cabeça de Parafuso e Outros Objetos Curiosos, porque achei a capa muito boa e curti a descrição. Veremos.
 

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Comic Con Experience: o dia anterior

Fiquei indecisa durante meses se participaria do programa de voluntários da CCXP 2016, mas assim que abriram as inscrições, eu me inscrevi rapidamente. Motivos: apesar de ter sido cansativo no ano passado, foi uma experiência muito legal; eu queria ir nos quatro dias, mas não queria pesar meu orçamento com o alto valor do ingresso; queria gastar no evento, como na edição anterior, e, não precisando pagar a entrada, sobraria mais dinheiro para as compras. 
Claro que sendo voluntária, eu estaria pagando para entrar na CCXP - com meu trabalho, afinal de contas. Mas coloquei na balança os prós e contras e estava empolgada para ir de novo como voluntária. Porém, o programa foi cancelado no dia seguinte da abertura das inscrições.
Não vou entrar na discussão, só vou dizer que os esquerdistas-Vila-Madalena (como chamo carinhosamente quem acha que faz o bem para a sociedade só porque leu uns livros e faz protestinho e ameaça no Facebook, mas faz parte da mesma classe-média-sofre coxinha) ficaram fulos e, de fato, apresentaram os argumentos corretos (empresa privada não pode contratar voluntários), mas eles encheram muito o saco e saíram ofendendo e chamando de "burros" aqueles que queriam muito ser voluntários de novo - atitude que desprezo desses seres arrogantes que só conseguem conviver com gente mala que nem eles.
 
Daí f*deu. Já tinha esgotado ingresso para sábado, domingo estava quase acabando e só tinha para quinta e sexta. Ano passado, o dia mais legal tinha sido justamente sábado, então desanimei pagar para ir num dia morno. Até soltarem um vídeo da Krysten Ritter dizendo que viria para a CCXP, para o painel de Jessica Jonese que, talvez, traria o David Tennant. Falaram que seria na sexta e, no mesmo dia que soube, comprei a credencial.
Ficou umas semanas naquela "David Tennant vem ou não vem?". Até que confirmaram e eu me senti igual ao dia em que o Lollapalooza confirmou a vinda do Black Keys. Eu veria meu Doctor favorito, mesmo que de longe, com um monte de whovian mais fanático do que eu. Nossa, fiquei em êxtase.
 
Confesso que desde a confirmação do Tennant, eu nem estive tão ansiosa. Até hoje. Pensar que amanhã vou estar lá, que vou enfrentar filas, que terei que ficar no auditório desde mais cedo para guardar lugar pro painel (que será no finzinho da tarde)... dá um certo pânico, na verdade.
Estou levando dois livros para autografar lá também: Dois Irmãos, de Fábio Moon e Gabriel Bá, e Loki, com arte de Esad Ribic.
Guardei dinheiro para comprar umas coisas lá também, que nem ano passado, mas quero trazer mais coisas ainda. Vamos ver como estarão os preços, né?

No mais, vou ficar emocionada de ver o Tennant. Meu décimo doutor, protagonista de outra série sensacional, Broadchurch, e odiável como o Kilgrave em Jessica Jones. Cara, pensando nisso, acho que nem vou dormir esta noite!
 

domingo, 22 de novembro de 2015

Cicatrização

Ela nutria uma grande paixão por aquele rapaz. Passeavam de mãos dadas pelo parque, dividiam a pipoca no cinema e se viam todo final de semana. Mas um dia, como um impiedoso psicopata, ele enfiou uma faca afiada em seu coração. Como se não bastasse, rasgou-lhe o peito e arrancou o músculo, enterrando-o no jardim.
Ela ficou meses atônita, como que sem vida. O mundo havia perdido as cores, os aromas, os sabores, os sons e as texturas de que tanto gostava: o tom alaranjado do pôr do sol, o cheiro do pão quentinho na padaria, o sabor irresistível do sorvete, o canto do pássaro no quintal, o toque macio do casaco de lã.
Um dia, outro jovem chegou ao jardim. Sentou-se no banco e ficou admirando as plantas e as flores primaveris. Ao notar a terra remexida, não evitou o impulso de analisa-la de perto. Desenterrou um coração quase despedaçado. Levou-o à torneira e limpou delicadamente. Percebeu o rasgo diagonal em seu centro e costurou com agulha e linha. Recuperou-lhe o vigor e procurou a quem pertencia.
Ficou semanas em busca do dono daquele coração maltratado. Um dia, na fila do supermercado, viu a moça à sua frente esquecer uma sacola de compras. Apressou-se para lhe devolver. Quando ela se virou, apática e pálida, descobriu que era a dona daquele coração. Estendeu-lhe a sacola de compras esquecida e lamentou mentalmente por não estar com o coração no momento.
A partir daquele dia, não saía de casa sem o coração da moça. Voltou tantas outras vezes ao mesmo supermercado, na esperança de reencontrá-la. Inesperadamente, a viu na rua, vindo na direção oposta. Sua respiração parou e não sabia como agir. Impulsivamente, chamou-lhe, dizendo que algo havia caído de seu bolso. Quando ela se virou para olhar, ele entregou o coração. Ela sorriu e o colocou de volta no peito. Agradeceu e seguiu seu caminho.
Nunca mais se viram, mas desde então a moça voltou a sentir o mundo do jeito que a fascinava.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Um clássico revisitado


Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard, 1950) é um dos meus filmes favoritos desde a primeira vez que vi - acho que foi em 2007. Já tinha assistido novamente uns 4 ou 5 anos atrás (tenho em DVD), mas queria muito conferir no cinema, já que é uma experiência cinematográfica completa - direção, roteiro, fotografia, atuações, direção de arte, figurinos...
Claro que o fato de ter meu ator favorito (o extraordinário William Holden) e uma das melhores personagens de todos os tempos (a diva Norma Desmond, interpretada pela magistral Gloria Swanson) o coloca na lista de prioridades. O roteiro soberbo de Billy Wilder (que também dirige), Charles Brackett e D.M. Marshman Jr. , ainda por cima, é um dos melhores da história do cinema (entra fácil num top 3). Justifico isso tudo porque, na mesma semana, o Clássicos Cinemark trouxe outro filme do meu coração, Um Sonho de Liberdade, mas deixei de revê-lo justamente por causa de Crepúsculo dos Deuses.
 
Mas, este post tem o intuito de ir além da minha adoração a essa película. E, aviso com antecedência, que o texto abaixo é repleto de SPOILERS. Portanto, se ainda não assistiu e pretende vê-lo, não leia os parágrafos abaixo.
 
Crepúsculo dos Deuses sempre me chamou atenção pelo cinismo, sarcasmo e ironia. É um pacote completo com estes substantivos abstratos. Porém, desta vez, o filme me soou mais melancólico. Confesso que me senti até mesmo perturbada. Todos os personagens são humanos. Não há vilões, mas pessoas que possuem grandes dilemas, alguns mais sérios do que outros. Há atitudes questionáveis, mas muito sentimento.
A começar por Joe Gillis, um roteirista em crise de criatividade e cheio de dívidas. Bonito e charmoso, é o cinismo em pessoa. Por acaso, ele conhece a diva Norma Desmon, uma ex-estrela de cinema. Joe deve meses de aluguel e seu carro será confiscado para cobrir suas dívidas. Ele já caiu na real que não lhe resta nada além de abandonar Hollywood e retornar à sua cidade natal, no interior de Ohio, e voltar a ser um João Ninguém em um subemprego monótono. Mas é o acaso que lhe inspira ambições.
Norma Desmond, o acaso, é uma milionária de 50 anos de idade, que foi a maior estrela do cinema mudo. Com o advento do som, ela, assim como dezenas de outros astros de sua época, foram engolidos pelo ostracismo. Mas Norma ainda tem fãs: recebe centenas de cartas por mês, todas de admiradores sedentos por seus autógrafos. Ela continua rica graças a investimentos que rendem milhões (petróleo, por exemplo). No entanto, por trás dessa mulher poderosa, esconde-se um ser humano solitário, dependente e depressivo.
Joe se aproveita das fraquezas de Norma. Ela é atraída pelo seu charme irresistível e admira seu talento (ele a ajuda a reescrever o roteiro de um grandioso filme bíblico que marcará o retorno da diva às telas). Apesar de ele se incomodar com a personalidade possessiva de Norma, acaba cedendo justamente por sua ambição - pretende conseguir o que quer e abandonar a mansão da milionária assim que puder.
Sendo um personagem tridimensional, Joe não é um mero aproveitador ou gigolô: ele sente culpa pelo que faz. Quando abandona Norma, fica sabendo que ela tentou cometer suicídio. Imediatamente, volta para vê-la, pois não quer que ela fique mal. Sente compaixão, não quer engana-la. Mas suas mentiras enrola ambos.
Norma, por sua vez, é manipuladora. Sua paixão por Joe é verdadeira, mas ela sofre de problemas psiquiátricos (parece ser bipolar) e sempre foi acostumada a conseguir o que quer. Sabe que Joe precisa de seu dinheiro, e não se importa em compra-lo - contanto que ele não a abandone e a ajude a curar sua solidão, ela faz o que for preciso para tê-lo  por perto.
Max Von Mayerling, o mordomo, foi o primeiro marido de Norma e ainda a ama após décadas. Ex-diretor de cinema (foi ele quem a revelou), humilhou-se a ponto de suplicar para servi-la a vida inteira. É ele quem cria o "mundo de fantasia" na qual Norma habita: as cartas de fãs são todas dele; ele esconde a verdade sobre a possível volta da ex-estrela às telas e insiste para que Joe não a abandone. Para ele, o bem-estar de Norma é o que importa: não quer vê-la sofrer nem se autodestruir.
O trio principal é o que suscita mais reflexão. O espectador tende a julgar cada um deles, cada atitude. Mas, acaba sendo impossível, pois quando você conhece a história pessoal dos personagens, acaba entendendo suas ações - sem concordar com elas, obviamente.
Por fim, há uma personagem coadjuvante que cativa por sua inteligência e personalidade forte: a jovem roteirista Betty Schaefer, namorada de Artie, melhor amigo de Joe. Betty convida Joe a escrever um roteiro derivado de um projeto rejeitado dele. Escondido de Norma, ele passa noites ao seu lado, trabalhando - o noivo dela é assistente de direção e está filmando em outro estado. A relação deles é estritamente profissional. Porém, chega um momento em que eles ficam mais próximos e, um dia, Betty confessa aos prantos que foi pedida em casamento, mas não ama o noivo: ela está apaixonada por Joe. E ele corresponde. De uma relação sem malícia alguma surge uma paixão complicada, pois nenhum deles quer ferir Artie. Por outro lado, Joe não se importa tanto com os sentimentos de Norma, afinal sente que está cumprindo sua obrigação de fazer-lhe companhia.
 
Resumi ao máximo aquilo que me criou um sentimento de melancolia na história. Paixões não correspondidas e paixões não planejadas. Uma mulher depressiva capaz não apenas de se destruir, mas destruir vidas alheias (ela assassinou Joe quando percebeu que não poderia tê-lo). Seres humanos perdidos que dão sua vida pelo dinheiro (Joe) ou por um amor não correspondido (Max). Não é Hollywood, não é a década de 1950: essa história poderia se passar em São Paulo, no ano de 2015.
 

sábado, 17 de outubro de 2015

Um dos filmes mais belos do mundo

Há uma semana, tive a oportunidade de rever no cinema um dos filmes mais belos que já assisti na vida: Paris, Texas. Dirigido por Wim Wenders em 1984, vi pela primeira vez em 2007. Acho cada fotograma precioso, tudo se encaixa de maneira perfeita: a história, o enredo, os diálogos, os personagens, as atuações, a direção de fotografia, os cenários, os figurinos, a trilha sonora.

É um filme sensível, mas longe apelar para a lágrima fácil. Cada detalhe revela algo sobre seus personagens e histórias: o boné surrado do Travis (o andarilho que inspirou a banda escocesa de mesmo nome); o jogo de cama de Star Wars do Hunter (o garotinho sensacional); a cor do carro de Jane (Natassja Kinski, naturalmente bela, cativante e talentosa)...

Aliás, um dos aspectos de que mais gosto no filme é seu jogo de cores, especialmente tons verdes e avermelhados, ora opacos ora brilhantes, como néon. São cores contrastantes, e seu uso vai além do aspecto estético e cria uma identidade a cada cena na qual são empregadas. Afinal, nada é em vão sob o olhar meticuloso de Wim Wenders, um diretor talentoso na construção de planos e cenas.

No final, Paris, Texas é um daqueles filmes que, conforme chega ao final, dá um nó no peito, mas afrouxa conforme os créditos finais sobem. A música de Ry Cooder une dedilhados áridos a melodias suaves, embalando cada desejo e esperança, fazendo com que sejamos todos como Travis: pessoas que erram, perdem-se e se encontram, conscientes de tudo o que fizeram e esforçadas para corrigir os erros não em benefício próprio, mas daqueles que amam.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Tirando o pó - ou "6 meses depois"

Saudades de escrever aqui. Eu sei que, teoricamente, acabou, mas queria tirar um pouco o pó. Surpreendentemente, os acessos ao blog continuam altos - talvez até maiores do que antes, visto que não atualizo há mais de 6 meses.
Às vezes, sinto falta de comentar minhas besteiras do dia a dia. Sei lá, outras redes sociais parecem que não dão conta. Aqui eu sentia mais liberdade de ser eu mesma - até sentir essa liberdade ser podada.
Meu outro espaço não é a mesma coisa. É muito mais restrito, meus temas são totalmente outros. Aqui eu era mais teenager. Então, sinto falta de reler os meus próprios registros despretensiosos - a que se acha rs.
Sim, apesar de ter estado deprimida em grande quantidade de posts publicados por aqui, eu ainda me divertia ao reler meus relatos - alguns deles.
Quem sabe eu volte aos poucos? Ou não. Pode ser um ensaio e eu desista a qualquer momento. Ah, bom demais não precisar me comprometer com nada e ninguém - textos regulares e leitores. Afinal, já tenho leitores em outros meios. Não. Brincadeira. Não seria pedante a ponto de desconsiderar os curiosos de boa índole que por aqui já passaram.
Bem, foram tantas séries e filmes para contar! Outras coisas não, acho que interessam mais a mim, né? Personagens reais e fictícios. Se eu escrever crônicas, ninguém vai saber mesmo até que ponto é verdadeiro ou imaginário, como muita coisa que já publiquei.
Posso desistir a qualquer momento. Mas pode ser até legal, enquanto durar.

domingo, 5 de abril de 2015

Fim do blog

Este blog será descontinuado. Em breve criarei outro espaço, em outro endereço e com outro nome. Peço aos interessados em continuar acompanhando que deixem algum contato no comentário - pode ser email ou o que preferir -, pois não vou publicar o comentário, apenas ler. Ou quem já tem contato comigo, é só pedir (não vou mandar correntes de email nem de mensagens no Facebook).

O presente blog não será deletado. Apenas deixará de ser atualizado.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Uma música para abril

Simon & Garfunkel - April Come She Will 
April come she will
When streams are ripe and swell with rain
May she will stay
Resting in my arms again

June she'll change her tune
In restless walks she'll prowl the night
July she will fly
And give no warning to her flight

August die she must
The autumn winds blow chilly and cold
September I'll remember
A love once new has now grown old


terça-feira, 31 de março de 2015

Mais uma etapa

Sinto-me como se tivesse finalizado mais uma etapa. Há anos planejava começar uma pós-graduação, porém não encontrava um curso que me agradasse, ou eram todos caros demais para o meu bolso. Quando consegui me estabilizar e calculei que seria possível conciliar com o trabalho e, o mais importante, pagar, fiz a matrícula.
O curso atrasou, demorou uns dois meses para começar, porque ainda estavam formando a turma. Foram praticamente dois anos de aulas - e férias e tempo de preparo para a monografia -, com seus bons momentos, decepções, estresse, aprendizado, sono. Dias de desgaste, dias de aproveitamento. Nada é perfeito, fato. Sinto como se tivesse aproveitado o que me foi oferecido, mas, como geralmente acontece em cursos que pagamos do nosso próprio bolso, esperava mais. 
No mais, fiz ótimas amizades no curso, tive professores sensacionais e consegui refletir melhor sobre minha carreira, meus descontentamentos e até sobre esse meu jeito idealista. Minha monografia não foi simplesmente uma obrigação para tirar o certificado: eu me empenhei de verdade, busquei força nos momentos menos propícios e aprendi muito com ela. Li autores excelentes, aprendi coisas que jamais aprenderia se não fizesse esse trabalho. 
Ser aprovada com uma boa nota demonstra que nada foi em vão - e que posso continuar com minha linha de pesquisa, se quiser. Ainda não decidi o que fazer, sinto como se fosse um pouco cedo para isso. Quero descansar um pouco a mente e me dedicar a outras atividades por um tempo, pois não penso em começar outra etapa tão logo.
Foi uma fase importante para mim, pois em alguns momentos me senti insatisfeita e pensei em desistir, mas fui insistente - se já tinha chegado até ali, deveria me esforçar para prosseguir. Acho que é um cansaço comum, ainda mais nos dias de hoje em que, com qualquer pessoa que converse, denoto o mesmo cansaço. Antes de considerar isso uma conquista profissional, devo pensar que foi uma conquista pessoal, pois foi uma escolha minha, eu decidi fazer uma pós naquele momento determinado e prossegui. 

Enquanto ainda não faço ideia da minha próxima etapa, quero aproveitar o final desta da qual me despeço.

sexta-feira, 27 de março de 2015

O "questionário do amor" (parcialmente) respondido

Estava lendo esta reportagem da Galileu sobre como a ciência e a tecnologia podem ajudar a encontrar o amor. Achei interessante, mas sabemos que o que funciona para uns, pode não funcionar para outros - tipo esses gadgets que "dão carinho", mandam mensagens românticas automaticamente etc. Cada pessoa tem um repertório, e o desespero para encontrar alguém e ser amado é mais destrutivo do que qualquer coisa.

Com todos os poréns sobre o texto e suas previsões (eu quase parei de ler quando citaram Ela rs), no final tem um questionário que dizem poder ajudar a fazer duas pessoas se apaixonarem: cada uma responde o seu e depois uma encara a outra por 4 minutos, sem desviar o foco da atenção. Achei um tanto engraçado, porque eu não consigo olhar direito as pessoas nos olhos, mas a parte das perguntas é interessante. Vamos ver se alguém fica 50% apaixonado por mim MESMO depois de ler minhas respostas sinceras - para não dizer expositivas.

O professor Arthur Aron elaborou um método para criar intimidade romântica. escolha alguém que combine com você, e Façam as perguntas um ao outro na sequência apresentada. lembre-se de responder com honestidade. 

1. Se pudesse escolher qualquer pessoa no mundo, quem você convidaria para jantar?
Tom Hiddleston - usando aqueles óculos hipster do Comic Relief.

2. Gostaria de ser famoso? Como? 
Sim, somente pelo meu trabalho, meus textos, meus (futuros) livros.

3. Antes de fazer uma ligação telefônica, você ensaia o que vai falar? Por quê? 
Sim. Porque gaguejo e me perco no meio das frases.

4. Como seria um dia perfeito, para você? 
O dia perfeito seria sem planos, mas aconteceria como se tivesse um roteiro: todas as coisas que gosto aconteceriam, sem eu esperar por elas.

5. Quando foi a última vez que cantou sozinho? E para alguém? 
Sozinha não lembro, provavelmente distraída fazendo alguma coisa em casa. Para alguém, que eu me lembre, foi em 2010, para um intercambista que conheci na Nova Zelândia.

6. Se pudesse viver até os 90 anos e ter o corpo ou a mente de alguém de 30 durante os últimos 60 anos de sua vida, qual das duas opções escolheria? 
O corpo, porque acho mais necessário uma mente amadurecida e evoluída, não quero pensar do mesmo jeito que penso agora com 90 anos. É mais uma questão de não querer ter sempre a mesma cabeça do que de vaidade.

7. Tem uma intuição secreta de como vai morrer? 
Sim. E é secreta.

8. Diga três coisas que acredita ter em comum com seu parceiro. 
Opa, pulo essa porque só vale no experimento.

9. O que faz você se sentir agradecido na sua vida? 
Pelos amigos e pessoas que demonstram o que sentem por mim por meio de suas ações (carinho, respeito, compreensão, admiração...).

10. Se pudesse mudar algo no modo como foi educado, o que seria?
Queria que tivessem exigido bem menos de mim.

11. Use quatro minutos para contar a seu companheiro a história de sua vida. 
Opa, pulo essa porque só vale no experimento.

12. Se amanhã você pudesse se levantar desfrutando de uma habilidade nova, qual seria? 
Poder voar.

13. Se uma bola de cristal pudesse contar a verdade sobre sua vida, o que você lhe perguntaria? 
Eu tenho algum propósito neste mundo?

14. Há algo que há muito tempo deseja fazer? Por que ainda não fez? 
Sim, não fiz porque não tenho dinheiro.

15. Qual é a sua maior conquista? 

16. O que mais valoriza em um amigo? 
A preocupação e a pró-atividade - aquela pessoa que pergunta de você e te chama para fazer alguma coisa, não fica só esperando isso vir do outro.

17. Qual é sua lembrança mais valiosa? 
Minha viagem sozinha à Nova Zelândia.

18. Qual é sua lembrança mais dolorosa? 
Pensar em todas as vezes que quis fazer mal para mim mesma.

19. Se você soubesse que vai morrer daqui a um ano de maneira repentina, mudaria algo em sua maneira de viver? Por quê? 
Não. Porque não adiantaria, se vou morrer de qualquer jeito.

20. O que significa a amizade para você?
Compreensão, apoio, respeito e jamais julgar o outro por qualquer coisa.

21. Que importância têm o amor e o afeto em sua vida? 
São importantes, embora não sejam necessários o tempo inteiro.

22. Compartilhem, de forma alternada, cinco características que consideram positivas em seu companheiro. 
Opa, pulo essa porque só vale no experimento.

23. Sua família é próxima e carinhosa? Você acha que sua infância foi mais feliz que a dos demais? 
Às vezes. Não acho que minha infância foi mais feliz que a dos demais.

24. Como se sente em relação a sua mãe? 
Ambiguidade.

25. Diga três frases usando o pronome “nós”. 
Opa, pulo essa porque só vale no experimento.

26. Complete esta frase: “Gostaria de ter alguém com quem compartilhar...”. 
...meus momentos de felicidade e meus receios.

27. Se fosse terminar sendo amigo íntimo de seu companheiro, divida com ele algo que seria importante que ele soubesse. 
Opa, pulo essa porque só vale no experimento.

28. Diga a seu companheiro do que mais gostou nele. Seja muito honesto, e diga coisas que não diria a alguém que acaba de conhecer. 
Opa, pulo essa porque só vale no experimento.

29. Divida com seu companheiro um momento embaraçoso de sua vida. 
Opa, pulo essa porque só vale no experimento.

30. Quando foi a última vez que chorou na frente de alguém? E sozinho? 
Na frente de alguém: Anteontem. Sozinha: Anteontem também.

31. Conte a seu companheiro algo de que já gosta nele. 
Opa, pulo essa porque só vale no experimento.

32. Há algo que seja tão sério a ponto de não ser adequado fazer piadas a respeito? 
Sim, fazer piadas sobre a aparência dos outros e sobre acontecimentos que possam representar dor para as pessoas.

33. Se fosse morrer esta noite, sem a possibilidade de falar com ninguém, o que você lamentaria não ter dito a uma pessoa?  Por que não disse até agora?
Nada, pois acho que se não disse antes, não me faria sentir melhor nem mudaria nada se dissesse agora.

34. Sua casa está pegando fogo, com todas as suas coisas dentro. Depois de salvar seus entes queridos e seus bichos de estimação, sobra tempo para fazer uma última incursão e salvar um único objeto. Qual você escolheria? Por quê? 
Meu notebook, porque é minha ferramenta de trabalho e social.

35. De todas as pessoas que formam sua família, qual morte seria mais dolorosa para você? Por quê? 
Que pergunta f*da. Não sei responder. Mesmo.

36. Divida um problema pessoal e peça a seu companheiro que diga como ele teria agido para solucioná-lo. Pergunte também como ele acha que você se sente em relação ao problema que contou.
Opa, pulo essa porque só vale no experimento (mesmo se valesse, não diria aqui).

segunda-feira, 23 de março de 2015

Influxo

Às vezes, não é preciso haver fatos: são os próprios pensamentos que puxam o corpo para baixo, como se fosse uma âncora que insiste em ser usada nos momentos inoportunos. Contra eles, não há remediação. Afinal, como é possível parar de pensar? 
É a nossa própria mente que nos prega peças. Imprevisível, ela faz surgir ideias nos momentos errados e, quando menos esperamos, lá está ela, mais forte do que os fatos. Uma mente criativa encontra obstáculos para controlar os pensamentos. Eles simplesmente fluem e criam histórias - ou recriam fatos - que buscam vida própria dentro da cabeça. 
É preciso separar lembranças de ideias, o que nem sempre é fácil. É preciso desligar-se de vez em quando, para fazer os pensamentos cessarem. Essa missão pode ser diária ou esporádica - e ela pode cansar mais do que os próprios pensamentos.
Não sei se é uma coisa de gênios, que precisam estar constantemente se reciclando, registrando, produzindo, criando. Uns pintam, outros compõem. Alguns filmam, outros escrevem. Eu já escrevi até cansar, pois, embora meus pensamentos me cansassem, era um tipo de cansaço que só terminava quando os colocava em ordem, embora essa ordem pudesse parecer ilógica à razão de algumas pessoas.
O mais difícil é que, muitas vezes, os pensamentos surgem na tentativa de mudar algo que já aconteceu. Geralmente, esses são os mais difíceis de lidar. Por isso, fazer terapia exige esforço. Você é a mesma pessoa em um ano de sessões, mas não exatamente. Você se questiona mais por suas próprias atitudes destrutivas ou autodestrutivas.

Há algumas semanas, relatei o episódio pelo qual passei, em um ônibus. Eu simplesmente deixei que a âncora dos pensamentos negativos puxasse meu corpo para baixo, ainda que estivesse em um local público, sem temer que as lágrimas chamassem a atenção de outros. Eu não chorei por mim, mas por uma situação na qual não estava diretamente envolvida, mas tomei a dor para mim. 
Mesmo com os conselhos de amigos, permaneci imersa naquela sensação negativa: negando esperanças e soluções; antecipando o pior, que não aconteceu. Ainda que eu apoie e dê conselhos que contradigam a maneira como ajo comigo mesma - sempre fui mais rígida comigo e com meus pensamentos -, não acho justo levar a aspereza com que muitas vezes me trato para fora de mim.

Enfim, este texto é mais um fluxo de pensamentos, que filtro para expulsar a energia que me puxa novamente para baixo. É a maneira que encontrei para me mostrar que, sim, preciso me aceitar como sou, mas nem sempre eu sou a melhor pessoa para mim mesma.

domingo, 22 de março de 2015

Eu tenho medo...

Cavalos
Acho cavalo um animal lindo, mas não gosto de chegar perto por inúmeros motivos: dá coice, morde, é temperamental, pode te derrubar montada nele... Sou a favor de deixá-los em paz, bem longe.

Passar por coisas ruins
OK, este é um medo bastante comum que todo mundo deve ter. Às vezes, meu medo é tão grande que não consigo agir, só pensar nas coisas que poderiam acontecer. Fico tentando me controlar para não repetir atitudes e escolhas, racionalizo mais ainda minhas decisões e fico a um fio de não aproveitar as coisas como gostaria.

Ouvir o álbum seguinte 
Sabe quando você gosta demais do álbum de uma banda ou artista, coloca direto no repeat e já sabe a ordem das músicas? Daí tem o álbum posterior. Eu costumo enrolar para ouvi-lo, tanto que tem vários na lista para conhecer (inclusive do Noel Gallagher), porque geralmente me decepciono. Há exceções, mas sei lá.

Perguntas pessoais de quem mal me conhece
Sendo tímida, introspectiva, discreta etc etc etc, não é de se espantar que eu não apenas tenha medo disso, como também deteste.

Virar uma rabugenta
Eu tenho minhas fases de rabugice, mas daí me tornar uma completa rabugenta não está nos meus planos para um futuro próximo, médio ou longínquo.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Um outro capítulo

Estou tentando parar de tomar o remédio que induz ao sono - tecnicamente já estou parando, só não me acostumei ainda a dormir sem ele. Para isso, tive que readaptar minha rotina e voltar a velhas atividades que há anos não tinha, como ler à noite, especialmente antes de dormir.
No período de estudos para a monografia, eu precisei retomar o hábito de leitura à noite para ter tempo de sobra à tarde para fazer outras coisas (passear, trabalhar, viajar). Mas era meio que uma leitura "por obrigação", embora os livros fossem tão bons que eu nem me incomodava. 
Agora, no entanto, é um fator mais psicológico, porque eu sei que ler me dá sono, por mais que goste do livro, e assim relaxo melhor para dormir. E, também, para me esquivar dessa mania de ficar na internet à noite, seja assistindo série, desenho ou filme; ou ainda, ficar conectada pesquisando pauta para revistas e fan page que administro (a.k.a. trabalhando).
Retomei um livro que tinha começado ano passado e parei por causa da monografia (Almanaque 1964), voltei a ler ficção e comprei um livro sobre as obras dos irmãos Coen. O de ficção é superfininho e li em dois dias (A vida privada das árvores, do chileno Alejandro Zambra). Vi numa promoção da Cosac Naify, sem nunca ter ouvido falar, e li uma sinopse dele. Chamou-me a atenção o título e saber que é literatura latino-americana contemporânea, gênero que quero conhecer mais.
Quero terminar os outros dois em março e continuar com Pavões Misteriosos, do André Barcinski. E ver o que mais tenho na estante que acabei deixando de lado e, finalmente, finalizar a leitura. Também pretendo continuar comprando livros, seja em sebo ou promoções, teóricos ou de ficção, quadrinhos ou literários.

Eu percebi que estava meio estacionada, porque por mais que goste de ver séries todos os dias, meu cérebro estava se atrofiando - esquecer palavras, focar apenas em alguns temas e atividades, não ter paciência para uma leitura mais longa sem um "objetivo" aparente. Ler sempre foi meu principal hobby (ok, segundo, depois de cinema), então deixá-lo de lado por preguiça não é justo. E ler em papel é diferente de ler num tablet, porque a vista parece cansar menos - fora que não aguentava mais ler em inglês, embora o livro sobre os irmãos Coen seja no idioma. 
Quero ler menos anglo-saxões e mais brasileiros e latino-americanos; quero menos leituras acadêmicas e ler mais pelo prazer da narrativa, aproveitando que o cinema, de modo geral, está devendo muito nesse quesito ultimamente.

segunda-feira, 16 de março de 2015

O último/ a última...

... Filme visto: A última noite
... Filme visto no cinema: Kingsman
... Episódio de série visto: S05E14 de The Walking Dead
... Série descartada: Unbreakable Kimmy Schmidt
... Álbum escutado: St. Vincent, da St. Vincent
... Exposição visitada: Ron Mueck, na Pinacoteca
... Livros comprados: Masters of Cinema: Ethan and Joel Coen e A Vida Privada das Árvores
... Cerveja provada: Baden Baden Red Ale
... Vinho provado: Cone Sur Cabernet Sauvignon 2009

sexta-feira, 13 de março de 2015

Notas cinematográficas

The Day of the Doctor: Especial do Doctor Who, de 2013, que traz John Hurt, David Tennant e Matt Smith encarnando The Doctor em períodos diferentes - mas os três contracenam juntos, para deleite dos whovians. Essencial para fãs de Doctor Who. Para quem nunca assistiu (e tem muita curiosidade), recomendo ver a série a partir de 2005 antes do filme.

Bonnie & Clyde: Demorei anos para ver este filme, que lembra, de certa forma, Butch Cassidy and Sundance Kid. Glamouriza bandidos com um enredo envolvente, tornando-os anti-heróis sob o olhar do espectador. A violência foi um tanto forte para os padrões hollywoodianos da época (hoje, com tantos imitadores de Quentin Tarantino - e ele próprio -, é fichinha). Não consigo imaginar um remake - eu sei que já até tem, mas acho que jamais vou querer assistir.

Belle e Sébastien: A temática pode até ser juvenil, mas achei a história mais adulta, já que apesar de ser um filme sobre a amizade de um garoto e uma cachorra, em uma linda região montanhosa da França, o pano de fundo é a Segunda Guerra Mundial. Melhora bastante na segunda metade, quando consegue surpreender. E a cachorra é linda demais.

The World's End: Já tinha assistido no final de 2013, mas resolvi rever por motivos de amo o Edgar Wright e quero me casar com ele. Um filme que fecha com muito estilo a já clássica Trilogia Cornetto, marcada por comédia, ação, referências pop e sátiras nonsense. Sem contar que a trilha, como em tudo que Wright dirige, é um deleite a parte.

Viajar É Preciso: Queria ver filme besta no Netflix e pesquisei algum com a Jennifer Aniston (Miss Comédias Bestas Hollywoodianas). Quando apareceu este, vi que tinha o Paul Rudd e decidi assistir. Meio ruinzinho, como a maioria dos filmes dela, e nem o ator consegue salvar. Na verdade, acho que a melhor coisa mesmo é o personagem tosco do Justin Theroux.

Corações de Ferro: Filme de Segunda Guerra Mundial com mais do mesmo - ótimas cenas de batalha, soldados durões fazendo bullying no pobre coitado do rapaz que foi para o front e não sabe o que fazer, discursos anti-nazistas (sim, é muito mais contra as pessoas do que o ideal por trás de tudo). É bem feito, mas já vi tanto filme com a mesma temática que este não consegue surpreender. Ah, e Shia LaBeouf tem o mérito de ser o pior ator do elenco.

Foxcatcher: Não entendo o buzz que este filme causou. Ele demora tanto para engrenar e mostrar a que veio, com um roteiro arrastado. O diretor Bennet Miller e o diretor de fotografia Greig Fraser formam uma boa dupla, mas sem uma história realmente impactante, eles não conseguem fazer muita coisa - e é incrível como a cinematografia belíssima destoa de tudo.

What We Do in the Shadows: Dirigido e escrito por dois criadores da série Flight of the Conchords, este mockumentary neozelandês me arrancou risos altos. O filme acompanha quatro vampiros que dividem uma velha casa em Wellington, a capital da Nova Zelândia, narrando sua trajetória e o dia a dia (noturno), com direito a baladas, novos amigos, lobisomens e referências a Lost Boys. Entraria fácil numa lista de filmes mais engraçados dos últimos anos.

Enquiring Minds: O que poderia ser um documentário com debates e questionamentos sobre o jornalismo sensacionalista e antiético do National Enquirer, parece mais uma biografia de seus fundadores e uma certa defesa da maneira como os negócios do jornal foram conduzidos ao longo dos anos. Mas, ainda assim, apresenta aspectos históricos interessantes sobre o assunto.

A Estrela Imaginária: Drama italiano com o ótimo Sergio Castellitto, sobre o ex-funcionário de uma fábrica italiana de decide percorrer a China em busca de uma metalúrgica que comprou o mesmo equipamento que causou um acidente fatal onde trabalhou, a fim de evitar outra tragédia. Na viagem, ele contará com a ajuda uma tradutora chinesa, que conheceu na Itália, e conhecerá mais sobre sua história pessoal.

De Volta para o Futuro: Um de meus filmes favoritos visto finalmente na telona. Claro que sabia a história toda, de trás para frente, mas vários detalhes ficam ainda melhores no cinema, onde é possível notar melhor o cuidadoso trabalho da direção de arte. Além disso, as gags visuais se destacam mais, assim como a trilha sonora impecável.

Bônus
House of Cards - 3ª temporada: Após o final da temporada anterior, ficam as grandes perguntas: depois de tanta conspiração e crimes, Frank finalmente conseguiu o almejado cargo de presidente dos Estados Unidos. Mas, e agora? O que resta para conquistar? No primeiro episódio, já temos muitas respostas e surpresas. No geral, mantém o nível da segunda temporada, mas a minha favorita continua sendo a primeira.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Um mês

Era um domingo ensolarado. O centro da cidade serviu de ponto de encontro, onde ela escolheu um lugar familiar de longa data. Arte, uma taça de afogatto e um filme para o fim do dia. Depois, poderia ser uma cerveja e um passeio mais longo pelas ruas repletas de histórias. Não havia um roteiro definitivo para a despedida, apenas planos rascunhados que poderiam ser alterados a qualquer momento.
Pinturas, cores, formas, narrativas. Passos lentos e apressados. Olhar distraído e atento. No café, a colher tocava gentilmente o sorvete de creme imerso no café espresso, decorado pela doçura aveludada do chantilly. Depois, como dois andarilhos, percorreram algumas quadras antes da sessão. Perguntas, respostas e relatos. Na sala escura, o filme iria começar. Bang bang. Sem mocinhos nem bandidos. Ou seriam bandidos mocinhos? O final trágico foi vitória de quem? Quantos pensamentos!
O sol repousava, mas o dia persistia. Uma cerveja para fechar a noite quente, que tal? As ruas ocupadas por foliões a amedrontavam. Pessoas, barulho, suor. Sentiu-se protegida e foi escoltada por entre a multidão. "Acho que estou perdida, deixa eu consultar meu GPS". Mas sentiu a mão ser tomada e a surpresa a abateu docemente. Soltou-se ali, com o beijo. Não disfarçou a reação inesperada, nem sentiu um milhão de pensamentos atravessar sua mente. Apenas se entregou àquele momento e deixou ser conduzida pela agradável sensação de redescoberta.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Da série...

... Posso levar pra casa?


Lee Pace e seu cachorro Carl

quinta-feira, 5 de março de 2015

Hester Collyer, a alter-ego

The Deep Blue Sea (lançado no Brasil com o título simplista Amor Profundo) é um dos meus filmes favoritos. Baseado em uma peça teatral homônima de Terence Rattigan, que aliás nunca li nem assisti, é uma obra que me encantou pela cenografia, fotografia e ótimas atuações, especialmente da Rachel Weisz, que entrega o melhor papel de sua carreira sem precisar apelar para nenhum artifício que uma atriz menos competente poderia cometer, caso tivesse o papel de Hester Collyer em mãos.


Assisti ao filme pela primeira vez em 2012, simplesmente por causa de Tom Hiddleston, que interpreta o jovem amante de Hester. Vi pelo monitor do computador mesmo, pois já havia estreado há tempos no exterior e eu não esperava que sequer fosse lançado nos cinemas daqui. Porém, bastou Rachel Weisz ter sido indicada ao Globo de Ouro pelo seu papel para os distribuidores finalmente se darem conta da importância da obra e a exibirem, ainda que tardiamente, em algumas salas brasileiras.


O fato é que gostei muito de The Deep Blue Sea desde a primeira vez que vi. Identifiquei-me com Hester, senti seus desejos e tristezas, esperanças e neuras. Uma mulher imersa na infelicidade, presa a um corpo do qual tenta se livrar em uma recaída de mágoas. Assim que estreou, fui imediatamente revê-lo na tela grande. E que filme! Tornou-se meu favorito de 2013, mesmo já tendo assistido no ano anterior. 
Pois The Deep Blue Sea é um filme angustiante. Vê-lo no cinema te faz se sentir sob a pele de Hester. A bela trilha sonora; o melancólico contexto pós-Segunda Guerra Mundial; uma Inglaterra se arrastando para sair da depressão - assim como Hester -; um bom marido, mas que não supre as necessidades íntimas; e um amante hiper-sexualizado, mas que não a completa como mulher.


Já não lembro em quantos momentos me senti como Hester: presa na própria angústia, atada à indecisão, confusa pela própria vida. Repleta de expectativas mal cumpridas, desacordada em memórias de um passado não muito distante e quase afogada na culpa que outros a infligiam.
The Deep Blue Sea não pretende ser o retrato de uma mulher, nem de uma época. É uma releitura transformada em um pequeno grande filme que poucos assistiram, mas que muitos podem ter identificado cada uma de suas nuances poéticas e artísticas.


Logo fará dois anos que o conferi no cinema, saindo da sala com a certeza de que há um pouco de Hester Collyer dentro de mim. Não revi o filme desde então, pois temo como eu vá me sentir depois. Afinal, pequenos momentos de felicidade e prazer valem a pena para se autodestruir pelo que não foi e se culpar pelo que se arrependeu tardiamente? O que diferencia amor de amizade e amor de paixão?

segunda-feira, 2 de março de 2015

As preferidas das séries

Agora é a vez das moças na versão 2015. (Evitei repetir as personagens desta lista de 2011.

Donna Clark (Kerry Bishé) - Halt And Catch Fire: No início, ela parece ser apenas um pretexto para mostrar que Gordon Clark é um homem de família. Mas, Donna é muito mais do que esposa e mãe.

Holly Flax (Amy Ryan) - The Office: Naturalmente engraçada e divertida, não tinha como Michael Scott não se apaixonar por ela. Melhor ainda seria se a personagem estivesse em todas as temporadas da série.

Michonne (Danai Gurira) - The Walking Dead: A mulher da katana é uma badass com coração de ouro, conferindo equilíbrio para o lado feminino da série - que não deve em nada aos homens.

Mindy Lahiri (Mindy Kaling) - The Mindy Project: Ansiosa, faladora, romântica, desastrada... muitos adjetivos podem descrever a protagonista desta série que foge do glamour novaiorquino e aposta no humor moderno.

Molly Solverson (Allison Tolman) - Fargo: Para fazer jus a Frances McDormand, do filme dos irmãos Coen, sai a policial grávida e entra a jovem Molly, tão inteligente e perspicaz quanto sua antecessora.

Patsy Stone (Joanna Lumley) - Absolutely Fabulous: Louca e fabulosa, é impossível não rir com as tiradas sádicas de Patsy. Tão odiável que não tem como não amar essa criatura.

Peggy Carter (Hayley Atwell) - Agent Carter: Diva, espiã e companheira, Peggy é a heroína que estava faltando no Universo Marvel e na televisão.

River Song (Alex Kingston) - Doctor Who: "Hello sweetie". Só esse bordão já justifica a presença da personagem feminina mais interessante e complexa da série cult britânica.

Selina Meyer (Julia Louis-Dreyfus) - Veep: Menos idealista que Leslie Knope e muito mais sarcástica, Selina personifica a política que não mede esforços para alcançar seus objetivos.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

"You know what hope is?"

Eu me sentia sem força. Depois de tanto lutar contra os pensamentos e as lágrimas que insistiam em cair, desisti e senti meus olhos embaçarem. Em seguida, meu rosto queimou aos poucos, conforme a lágrima descia, dilacerando a pele até o pescoço. Simplesmente deixei de me importar com as pessoas ao redor e chorei ali, silenciosamente, no meu assento no ônibus. Pensamentos a mil e uma tristeza forte.
Repentinamente, uma pessoa em pé, ao meu lado, estendeu um pequeno pacote e pousou a mão delicadamente sobre minha cabeça. Era uma mulher e ela me deu um lenço de papel. Agradeci e comecei a secar as lágrimas, mas a própria atitude dela me fez chorar ainda mais, sempre em silêncio.
Enquanto eu tentava lidar com uma anônima que se importou comigo naquele momento - antes de descer do ônibus, ela disse "fique bem" e tocou meu ombro -, minhas lembranças e falta de esperança, lembrei dos versos "You know what hope is?/ Hope is a bastard/ Hope is a liar". Precisei ouvir a música assim que cheguei, porque esperança... não consigo ter. Eu só queria que não fosse assim, sofro antes de ter qualquer tipo de esperança, colocando um fim como se não houvesse mais nada a ser feito.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Os preferidos das séries

Versão 2015 (Evitei repetir os personagens desta lista de 2011.) Em breve, as moças das séries.

Abraham Setrakian (David Bradley) - The Strain: Sem este personagem, acho que não conseguiria ver a primeira temporada inteira desta série de terrir. Ele é o fio condutor da trama, o sujeito que dá liga ao universo humano-vampiresco. 

Daryl (Norman Reedus) - The Walking Dead: Demorou um pouco para eu gostar do Daryl. Roteiristas e produtores foram bastante espertos ao revelar as nuances do personagem aos poucos, para que o público o conhecesse melhor e se simpatizasse com o passar do tempo.

Dwight Schrute (Rainn Wilson) - The Office: Poderia ser Michael Scott, mas como ele abandonou o barco mais cedo, foi Dwight quem conseguiu segurar a série até o fim (e com muitas risadas, diga-se).

Frank Underwood (Kevin Spacey) - House of Cards: Se você não gosta do Frank, provavelmente não passou da primeira temporada desta viciante série. Se gosta, não vê a hora conferir a terceira temporada. 

Gary Walsh (Tony Hale) - Veep: É aquele típico personagem que você acha patético, mas tem uma certa simpatia, graças ao carisma do assistente puxa-saco superprotetor.

Gene Hunt (Phillip Glenister) - Life On Mars: Um personagem que ora você ama, ora você odeia. Um típico anti-herói durão com boas intenções, mas um tanto rude para conquistar a justiça (muitas vezes feita com as próprias mãos, literalmente).

Lester Nygaard (Martin Freeman) - Fargo: Outro sujeito patético, mas ao mesmo tempo envolvente. É o tipo que você torce contra, mas volta-e-meia tem esperança de que consiga se safar. Mais uma vez.

Jimmy McGill/Saul Goodman (Bob Odenkirk) - Better Call Saul: O protagonista da (por enquanto) melhor série de 2015, tem um humor peculiar ("Here's Johnny!") e uma maneira um tanto controversa de lidar com problemas.

Sherlock Holmes (Benedict Cumberbatch) - Sherlock: Acho que não preciso justificar este, não é mesmo?

The Doctor (Vários) - Doctor Who: Outro personagem que dispensa justificativas, seja qual for o ator que o interprete.